sábado, 29 de março de 2025

Há histórias que o tempo não apaga — apenas adormece. Há nove anos, cruzámo-nos por um breve instante, que ficou gravado em mim, mais do que...

Há histórias que o tempo não apaga — apenas adormece.


Há nove anos, cruzámo-nos por um breve instante, que ficou gravado em mim, mais do que tive coragem de admitir. Na altura, deixei que medos e inseguranças falassem mais alto, e ditassem um fim. Afastei-me. Não porque não sentisse, mas porque não sabia como lidar com tudo o que sentia.


Entretanto, a vida seguiu. Ambos vivemos amores longos, que julgámos ser para sempre.
Mas também ambos fomos magoados, traídos, partidos em pedaços que não sabíamos se voltariam a encaixar. Aprendemos, à força, que o amor pode doer. E que confiar outra vez pode ser um ato de coragem.


E agora, quase uma década depois, o destino — ou talvez a vida com o seu jeito misterioso — trouxe-nos de volta. E o que começou com simples palavras trocadas, levou a um encontro onde os nossos corações e olhares, falaram mais alto do que as nossas próprias bocas.


O que sentia há 9 anos, renasceu e floresceu com uma força inesperada, como se o tempo não tivesse passado.
Reencontrámo-nos, e algo em nós reconheceu esse lugar antigo, esse "nós" que parecia ter ficado suspenso no tempo.


Hoje, vivemos gestos que falam mais do que promessas. Um Homem que cuida de mim todos os dias, em todos os pequenos detalhes e gestos. Os pequenos-almoços na cama, mãos que cozinham só para mim, as mãos unidas que nunca se deviam ter soltado por um instante, um carinho que se vê nos olhos e se sente no peito.


Levaste-me a ver os teus pais, assumindo-me de alguma forma, como quem sabe o que quer, como quem não tem dúvidas. Levaste-me ao concerto do teu irmão, abriste-me as portas da tua casa, o teu coração e o da Lazy, integrando-me na tua vida, na tua rotina, na tua pequena bolha, que é o teu Mundo inteiro.


Eu tenho medo. Medo que os fantasmas do passado, os meus receios e cicatrizes ainda abertas, te afastem. Mas também sei que há algo de bonito — e raro — em alguém que vê para lá das defesas, e escolhe ficar. E sei que quero entregar-me a isto que temos de corpo e alma, porque só me sei entregar assim a quem amo.


Quero acreditar que merecemos esta nova oportunidade. Porque às vezes, o amor verdadeiro não é aquele que chega primeiro, mas aquele que volta… e fica.
E fica a promessa de que tentarei melhorar, para não seres tu a fugir desta vez.


Não sei o que o futuro nos reserva, mas sei que há laços que o tempo não desata.
E este reencontro, cheio de simplicidade e entrega, é a maior prova de que há histórias que, mesmo interrompidas, nascem para durar.
É tudo muito cedo, mas eu tenho muitas certezas em relação aos meus sentimentos.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Talvez o meu feitio seja como o vento que não se deixa prender, ou como a maré que vai e vem, sem promessas de permanência. Talvez o meu cor...


Talvez o meu feitio seja como o vento que não se deixa prender, ou como a maré que vai e vem, sem promessas de permanência.
Talvez o meu coração seja uma estrada sinuosa, que só alguns ousam percorrer, com a certeza de que, mesmo no desconhecido, vale a pena.

Diziam-me que ninguém me poderia querer por causa do meu feitio. Eu digo que a intensidade da minha alma afasta os que buscam algo superficial.
Mas tu... Tu vês em mim o que outros não viram. Vês as cores que nem eu sabia que habitavam em mim.

Fiquei com as palavras do passado a ecoar no meu peito, como um eco distante que se recusa a calar. Eu, que sou um mistério entre as linhas do que sou, um enigma não resolvido, sempre fui mais do que a caixa que tentaram construir à minha volta. Talvez em tantos anos não tenham entendido o quão vasto é o mundo que construí dentro de mim. Coisas melhores vieram. Apareceste na minha vida, para ver em mim o que outros não viram. Um amor único, onde o meu ser não precisa de ser explicado, de um lugar onde as palavras não são prisões, onde eu posso ser um livro aberto.

E agora, aqui estamos, tu e eu. O tempo foi gentil com as nossas almas. Cada olhar, cada gesto, cada palavra sussurrada tem o toque suave de quem já encontrou a paz em algo simples e verdadeiro. Como se as promessas antigas não fizessem mais sentido. Como se os ecos do passado se apagassem aos poucos, dando lugar a um novo cântico — o cântico da descoberta, da aceitação, da entrega.

O que fui antes já não importa, pois em ti encontrei a suavidade que faltava. E mesmo que certos fantasmas do passado ainda me atormetem, talvez possa entender de uma vez por todas: o meu feitio não é um obstáculo. É um convite para quem sabe ver além das sombras.

Tu vens e, com cada sorriso teu, dissipaste as nuvens que o passado havia deixado. Talvez seja por isso que os ventos finalmente sopram com a liberdade que mereço. E tudo o que eu sou agora, é o reflexo de quem me viu por completo, sem medo de abraçar a tempestade que sou.

E o que o futuro traz, não sabemos. Mas, o que sei, é que o meu caminho agora é iluminado pela tua presença. Amo-te.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Querido falecido, Dizem que quando uma porta se fecha, uma janela se abre. A minha porta fechou-se com um estrondo. A casa inteira tremeu, c...

Querido falecido,

Dizem que quando uma porta se fecha, uma janela se abre.

A minha porta fechou-se com um estrondo. A casa inteira tremeu, como nas tempestades que derrubam velhas construções ou nos contos de fadas onde o lobo sopra com fúria. Ficou o silêncio depois do abalo, e eu, enclausurada entre as sombras de um espaço vazio, ecoando a ausência de quem um dia julguei essencial.

Mas então... a janela abriu-se.
E o vento entrou, dançando livre pelos corredores outrora sufocados. O ar renovou-se nos meus pulmões; o coração, antes retraído, pulsou com força; e os meus olhos voltaram a brilhar—desta vez, não com as lágrimas que me deixaste, mas com a luz que renasceu em mim.

Querido ex-namorado, querida ex-melhor amiga: se soubésseis o bem que me fizeram há quase três anos... Ah, como vos sou grata!

E por isso escrevo. Escrevo para vocês, escrevo para mim, escrevo para o Universo que vos levou para longe. Por cada dia que amanhece leve, por cada instante em que respiro sem o peso do que já não me pertence, eu agradeço. Agradeço às forças visíveis e invisíveis que, com mãos sábias e firmes, vos empurraram para fora da minha história.

E que brisa doce é esta, que agora me envolve...

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

E assim, o tempo voou, Dois anos e seis meses... Ainda não terminou? Tu e a tua pequena, amarrados estão, Presos num laço... Ou será numa po...



E assim, o tempo voou,
Dois anos e seis meses... Ainda não terminou?
Tu e a tua pequena, amarrados estão,
Presos num laço... Ou será numa poção?


Enquanto eu sigo, rindo do passado,
Tu permaneces nesse feitiço, amarrado.
Dois anos e meio de um conto encantado,
Será amor, ou é a comida que te tem agarrado?


Imagino as datas, as festas que celebram,
Onde nem um nem outro se completam.
Tu cantas "parabéns", ela bate palmas no ar,
E quem diria que um tempero, te fez ficar?


Mas cá entre nós, já nada vindo de ti me espanta,
E eu agora brilho tanto, que até a minha alma canta.
Porque enquanto tu vais em círculos no teu feitiço,
Eu danço livre, com o meu próprio compromisso.


Então, brinda a ela e ao seu caldeirão,
Que eu aqui brindo à minha evolução.
Doce é a vingança de quem segue adiante,
Enquanto tu cozinhas num "amor" estonteante.



segunda-feira, 25 de novembro de 2024

No calendário eu risquei num traço, O fatídico mês de Março. Tu, com palavras bem ensaiadas, Deixaste-me só, com promessas quebradas. Dois m...


No calendário eu risquei num traço,
O fatídico mês de Março.
Tu, com palavras bem ensaiadas,
Deixaste-me só, com promessas quebradas.

Dois meses depois, sem pausa nem freio,
No 19 de maio, tu e ela num belo passeio.
Com uma rapariga tão jovem, tão baixinha,
Que de costas – e de frente – parece uma criancinha.

Ah, mas que mistério, que grande azar,
Será que ela te enfeitiçou no jantar?
A vidente jurou, sem hesitar,
Que na tua comida, algo foi parar.

Será que foi amor, ou só um tempero,
Um pózinho estranho ou um elixir sincero?
Enquanto eu me perguntava onde errei,
Tu cego e manso: fazes o que ela quer, bem sei.

Agora és dela, preso no encanto,
Num cenário digno de um melodrama tanto.
Mas cá entre nós, nem é bem de espantar,
Se alguém te ganha, só por te alimentar.

Mas fica tranquilo, vive a tua paixão,
Enquanto eu prospero sem complicação.
Porque enquanto te amarram com poções de cozinha,
Eu voo mais alto, livre como uma andorinha.


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

No entrelaçar dos destinos, uma trama se fez, Amigos de longa data, Mas a vida, em seus caprichos, traçou sua vez, E o amor virou sombra, en...


No entrelaçar dos destinos, uma trama se fez,
Amigos de longa data,
Mas a vida, em seus caprichos, traçou sua vez,
E o amor virou sombra, enquanto a dor desata.

Eu, com brilho nos olhos, sonhava de verdade,
Com o outro que prometeu um mundo de calor.
Mas o amor se perdeu na cruel realidade,
Quando a traição ecoou como um triste rumor.

A outra, a amiga, trouxe a tempestade,
Um segredo guardado, um laço quebrado,
E eu, desolada, enfrentando a saudade,
Enquanto uma longa história se tornava passado.

Mas, no inesperado, o coração se renova,
O meu anjo, ao lado, trouxe a luz à escuridão,
Com carinho e cuidado, a dor ele aprova,
E juntos se constrói um novo amanhecer, uma nova canção.

Assim, entre risos e lágrimas, a vida se reinventa,
Na dança das almas, um amor merecido,
Nós os dois, juntos, na esperança que alenta,
E o outro, na lembrança, se perde e é esquecido.

Os laços se entrelaçam, com fervor e paixão,
Amizades, amores, na teia do destino,
E mesmo em meio ao caos, há sempre uma lição,
Que o amor verdadeiro é um farol divino.

domingo, 10 de novembro de 2024

Depois de arderem nas labaredas de uma paixão avassaladora que lhes consumiu primeiro a carne, depois o amor e mais tarde os sonhos até à ex...


Depois de arderem nas labaredas de uma paixão avassaladora que lhes consumiu primeiro a carne, depois o amor e mais tarde os sonhos até à exaustão, seguiu-se uma fase estranha e conturbada, alimentada por dúvidas, o que os fez decidir que o melhor para as suas vidas era separarem-se. Ela seguiu a estrada à esquerda com os olhos postos na linha do horizonte, ele optou pelo caminho da direita e não olhou para trás. Esqueceram-se de um pormenor importantíssimo: é que o mundo é redondo e no fim dos seus trilhos, cruzaram-se novamente.

Pelo meio, alguns anos a separá-los, cada um deles conheceu novas pessoas, voltaram a apaixonar-se, a jurar que era para sempre, mas no véu do tempo a perenidade do romance esfumava-se.

Encontraram-se novamente quando se desencontraram da vida, quando tudo à volta deles parecia ruir. Ela saiu disparada do trabalho não aguentando mais a pressão, não suportando mais o chefe, não tolerando mais a incompetência daqueles com quem trabalhava. Ele saiu porta fora de mais uma relação vazia, farto de ciúmes, de birras e de lágrimas sem sentido. Cansada, encaminhou-se para a ponte, gostava de ver os barcos a passar, imaginar a felicidade daqueles que chegavam e as inseguranças daqueles que partiam. Ele, gostava de ver as luzes projetadas no rio e ver os seios saltitantes das meninas que corriam por ali.

Sem que nada os tivesse preparado…os seus olhos tropeçaram um no outro, já a ponte estava a meio, quando lhes era impossível dar um passo atrás para fugir ao destino. Nesse instante, a magia aconteceu: as gaivotas calaram o seu canto, os barcos silenciaram o seu apito, os carros desligaram os motores, as meninas que corriam ficaram imóveis, a água do rio pacificou o seu curso. Só a melodia dos corações assustados os envolveu, só o eco dos tempos em que foram felizes se fez ouvir, só o amor que um dia sentiram gritou mais alto que tudo na vida naquele momento.

Aproximaram-se lentamente… ficaram a ler nos olhos um do outro, toda a felicidade sentida naquele momento, o brilho há tanto tempo perdido começava agora a despontar. Ele, para ter a certeza que não estava a sonhar, passou as mãos pelo seu cabelo negro tomando-lhe o acetinado dos caracóis. Ela fechou os olhos para se equilibrar e não desfalecer naquele afago. Sentindo-a trémula, abraçou-a tremendo também. Naquele instante perceberam o motivo de todas as relações falhadas, todos os sonhos desiludidos, toda a procura que os trouxera até aquela ponte. O motivo era simples: quando duas almas estão destinadas a ficarem juntas, o tempo encarrega-se de as unir no momento certo.

À menina dos olhos de alguém, Eu dou os meus parabéns: Não só pelo feitiço que perdura, Mas também pelos dois anos juntos, que bravura. Mas,...


À menina dos olhos de alguém,
Eu dou os meus parabéns:
Não só pelo feitiço que perdura,
Mas também pelos dois anos juntos, que bravura.

Mas, na verdade, eu não lamento,
Até lhe agradeço o favor.
Enquanto a tua vida é um tormento,
Eu vou vivendo em paz e com amor.

Um semestre que termina
Com sucesso e dedicação
Já a tua vida é só neblina
Sem rumo, sem direção.

Quase te dava um abraço apertado,
Pelo favor que me fizeste, enfim;
Sigo feliz, por me livrar de um frustrado
E agradeço por levares quem não era pra mim.

Sou grata, do fundo do coração
Eu, e toda a minha familia.
Vivia sem objetivos, sem ambição,
Num laço amargo, por pura teimosia.

A ti e à menina dos teus olhos
Desejo muita força no futuro.
Que sigam firmes em cada passo,
Mesmo que o caminho seja obscuro.

Eis a história de um homem astuto, Com jeitinho e charme, parecia um tributo, Dizia ser sóbrio, poupado, exemplar, Enquanto o bolso dos outr...



Eis a história de um homem astuto,
Com jeitinho e charme, parecia um tributo,
Dizia ser sóbrio, poupado, exemplar,
Enquanto o bolso dos outros ele ia explorar.

Durante dez anos, rente a mim morou,
Mas as contas da casa, quase nunca pagou.
Com carros brilhantes, gadgets na mão,
Quem diria que era só ilusão?

Comprava luxos, mostrava elegância,
Roupas de marca, e uma falsa abastança.
E ao ver-me, falava com desdém calculado,
Que o meu gasto, era desenfreado.

Afinal, era eu que não sabia gerir?
E ele, tão sábio, até ao pai foi mentir.
Mas eis que um dia a verdade emergiu,
E o tal amigo com a dívida surgiu.

Treze mil, assim, como quem dá um troco,
Para um homem de charme, de ego tão louco.
Enquanto falava que eu era perdida,
Quem devia era ele, por toda a vida.

Que reviravolta, que bela ironia,
Ver o prudente em verdadeira hipocrisia
Sustentado às sombras, em falas banais,
Mas o “exemplo” era ele… não gastes demais!

Agora, liberto-me dessa piada,
Que o meu ex hoje vive da própria fachada.
E a quem confiou, o que fica é a lição:
A máscara cai, mas o “poupado” não!

sábado, 9 de novembro de 2024

Às vezes, volto no tempo,   leio o que fomos, o que dissemos,   o riso fácil, o som da tua voz,   e o que era nosso, ali, no pequeno univers...


Às vezes, volto no tempo,  
leio o que fomos, o que dissemos,  
o riso fácil, o som da tua voz,  
e o que era nosso, ali, no pequeno universo.

Memórias do que já não cabe,  
das conversas, dos teus olhos a brilhar,  
do amor que rasgava o peito  
e, no fim, se desfez em silêncio e ar.

Não falo de mágoas, muito menos de culpa,  
já não há pedra no caminho, nem rancor,  
só um ciclo que fechou a seu tempo,  
e da porta aberta, renasceu quem sou.

Cada passo que sigo, agora sozinha,  
é um passo de volta a mim,  
sou grata ao amor que me deu asas  
e ao voo que me fez mais forte, enfim.

Que a vida gire e nos leve,  
pois crescemos cada qual em seu lugar,  
eu com meus sonhos e força renovada,  
tu, que encontres o que em mim não conseguiste achar.

E, quem sabe, um dia, numa outra estação,  
sob o céu de uma nova era,  
falaremos do quanto crescemos  
com o fim que, sem querer, me era primavera.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Hoje, ela é a menina dos teus olhos, E eu, a sombra que ficou para trás, Nos dez anos que fomos nós Nunca ouvi de ti esse tanto, esse brilha...


Hoje, ela é a menina dos teus olhos,
E eu, a sombra que ficou para trás,
Nos dez anos que fomos nós
Nunca ouvi de ti esse tanto, esse brilhar voraz.

Chamas-lhe doce e fazes-te poeta,
Pintas-lhe versos onde eu fui prosa,
E eu aqui, entre livros e metas,
Vou erguendo sonhos sem nome de rosa.

Enquanto te embalas numa nova canção,
Eu vou fechando capítulos de vida.
Quase no fim de um rumo que traço,
Enquanto o teu caminho ainda se perde na ida.

Talvez sejas mesmo um homem de fases,
Um poeta que ama sem se repetir,
Mas que quando a página se vira,
Só vê a cor nova, e a velha a sumir.

E assim, vou sorrindo do outro lado,
Sabendo que o tempo tem a sua ironia:
Ela é a menina dos teus olhos hoje,
E eu, a mulher dos meus próprios, um dia.


sábado, 16 de dezembro de 2023

Se não estás, na sombra dos dias, Persistes na minha mente, em melodias. Um eco suave do que foi vivido, Em versos, o nosso amor é ainda sen...


Se não estás, na sombra dos dias,
Persistes na minha mente, em melodias.

Um eco suave do que foi vivido,
Em versos, o nosso amor é ainda sentido.

Nas páginas do passado, eu encontro-te,
Como um sonho doce, um doce encanto.

O teu sorriso perdura na minha memória,
Uma lembrança que acaricia a história.

O tempo passou, mas não apagou,
As lembranças do amor que cultivamos.

A saudade tece fios no coração,
Revelando que ainda há uma conexão.

Se não estás fisicamente presente,
Teu eco persiste, intenso e envolvente.

Em cada suspiro, em cada canção,
Guardo pedaços do nosso coração.

Talvez o destino nos tenha afastado,
Mas o que vivemos não é apagado.

As palavras não ditas, os gestos guardados,
E apesar do nosso silêncio, tu ainda és amado.

Assim, neste poema de saudade e afeto,
Expresso o que fica, o que é concreto.

Se não estás, és uma sombra querida,
Um capítulo inesquecível na minha vida.


"Miro al cielo, al recordar
Me doy cuenta otra vez más
Que no hay momento que pase sin dejarte de pensar
Esta distancia no es normal
Ya me he cansado de esperar
Imposible, es demasiado tarde
Todo es un desastre
Esto es una obsesión
No me sirven tus pocas señales
Ya nada es como antes
Me olvido de quién soy
Quiero verte, verte, verte
Que se acabe ya"


terça-feira, 19 de setembro de 2023

Ela... Ela trai o namorado. Mas todos batem palmas. Ela usa o Tinder, o Instagram, o Facebook (...) para falar com outros rapaz...


Ela...
Ela trai o namorado. Mas todos batem palmas.
Ela usa o Tinder, o Instagram, o Facebook (...) para falar com outros rapazes, inclusive amigos meus que me mostram as conversas.
Ela fica a combinar encontros com A e com B, mesmo tendo um namorado que se mata a trabalhar.
Ela fica numa de festejar anos e meses de namoro, mesmo tendo andado agarrada a outro.
Ela não atendeu a chamada do namorado, mas atende as chamadas dos amigos dele.
Ela passa a vida a mentir-lhe.
Mas todos estão do lado dela.

Até parece que ela é que é a certa.
Ela passa a mensagem de mulher certinha, porque a cada mês ela publica um testamento de como o ama, nas redes sociais.
Ela passa a mensagem de namorada perfeita, porque tira fotos com ele.
Ela dá a entender para os amigos que gosta do namorado, porque vai ter com ele para beber copos.
Talvez ela esteja certa... Se o objectivo do namoro dela for só servir como fachada.

Agora, aconselha-o a mexer no telemóvel dela sem que ela o saiba. Garanto-te que ele vai perceber que tudo o que aquele "amor" lhe proporciona é um bonito enfeite para pendurar as luzes de Natal.

Amar alguém não se mede pelo número de fotos do casalzinho nas redes sociais. Não passa por ir beber ao café, quando se sabe que o namorado banca tudo. Não passa por estar junto, só para dizer que se está com alguém.
Amar alguém, não é andar agarrada a uns e, quando a verdade vem ao cimo, passar a dizer que é mentira. Amar alguém é ter respeito por ela.

Rapariga, não amas? Assume.
Mas não me faças passar por mentirosa.
Deixa o Mundo saber a vadia que és.

Todos temos telhados de vidro. Mas ao menos, eu fui verdadeira quando errei. Diz-se tão corajosa, mas não consegue assumir os seus erros perante a pessoa que ama? Isso não é coragem. É covardia.

Ela trai o namorado. Mas todos lhe batem palmas.
Ela trai o namorado. Sim, todos lhe batem palmas. Até eu...

... Pela excelente atriz que ela é.

sábado, 28 de janeiro de 2023

Eu não vou terminar com ele por causa de um grito Não vou terminar com ele, por causa de algumas indiferenças. Não vou terminar com ele, só ...

Eu não vou terminar com ele por causa de um grito
Não vou terminar com ele, por causa de algumas indiferenças.
Não vou terminar com ele, só porque ele implica com as minhas amizades.
Não vou terminar com ele, só porque ele faz piadinhas com o meu corpo
Não vou terminar com ele, só porque ele insiste em chamar para sexo quando eu não quero.
Não vou terminar com ele, só por causa de um empurrão,
Eu sei que ele só estava nervoso.


Não vou terminar com ele, só porque ele desapareceu alguns dias,
Todo o mundo precisa de desanuviar.
Não vou terminar com ele só porque a família dele me destrata, e ele não faz nada,
É difícil mesmo escolher.
Não vou terminar com ele, só porque ele me traiu com uma puta qualquer,
foi um caso de uma noite só.
Não vou terminar com ele porque, por preocupação, ele me afastou de algumas pessoas.
Não vou terminar com ele, só porque às vezes eu me sinto infeliz,
ou quase sempre, ou sempre, não importa.


Não vejo motivos para terminar por conta de coisas pequenas.
Ele pede-me sempre desculpa, e diz que erra por me amar tanto.
E, digamos, eu sou uma pessoa difícil. Onde vou encontrar outro como ele?
A verdade é que sem ele eu não vivo.


NÃO!!
A grande verdade é que parte de mim já morreu, e eu recuso-me a perceber isso.
Parece absurdo, parece ficção, mas esta é a narrativa de muitas mulheres.


Não romantizem a dependência emocional.
Onde existe dor, jamais existirá amor.


domingo, 15 de janeiro de 2023

Tenho o meu corpo carregado de cicatrizes Tenho a minha história, as minhas raízes Já tive amores que deixaram de o ser Já apostei tudo e ac...

Tenho o meu corpo carregado de cicatrizes
Tenho a minha história, as minhas raízes
Já tive amores que deixaram de o ser
Já apostei tudo e acabei por perder

Segui o meu caminho em passos parados
Entre pedras, espinhos e abraços não dados
Recordo momentos com sorriso na cara
Agradeço por tudo e não tenho nada

Os sonhos roubados e a dor do lamento,
Tu moras em mim do lado de dentro
Bilhetes riscados do que não fui capaz
Sabes sem ti eu ando um pouco sem paz

Sou feita de pó jogado ao vento
Sou uma resistente que luta sem espada
Quero que o tempo volte no tempo
Sou um pássaro que voa com asa quebrada!

Querido futuro namorado A tua tarefa não vai ser fácil E agora ficas já avisado Que pareço dura mas sou frágil. Eu tenho medo de compromisso...

Querido futuro namorado
A tua tarefa não vai ser fácil
E agora ficas já avisado
Que pareço dura mas sou frágil.

Eu tenho medo de compromissos
Medo de me envolver demais
Na minha vida ora são sumiços
Ora relações disfuncionais.

Querido futuro namorado
A minha vida é uma confusão.
Desculpa se vais ser questionado
Se posso confiar em ti ou não.

Eu vou debater-me
Implorar para que saias
No final espero ter-te
Sem que nas minhas armadilhas caias.

Querido futuro namorado
A tua paciência tem de ser gigante
Eu não quero um romance apagado
Eu gosto de um amor empolgante.

Eu sei ser leal, prometo
Consigo ser uma doçura.
Se me tratares bem, derreto
Amar-te-ei de forma pura.

Querido futuro namorado
Só espero que não me iludas.
Eu só te quero do meu lado
Nas boas e nas más alturas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Se eu te despachar, Se quiser despedir-me mais depressa, Presta atenção. É dessa forma que te peço atenção. É aí que deves reler o que disse...

Se eu te despachar,
Se quiser despedir-me mais depressa,
Presta atenção.
É dessa forma que te peço atenção.
É aí que deves reler o que disseste,
e perceber o que me magoou.

Eu também fico needy,
às vezes.
Frequentemente.
E fico ciumenta, quase sempre.

Por isso desculpa.
Talvez seja demais,

eu querer-te demais.

Querer-te do meu lado sempre,
com a garantia de que não vais.

Talvez seja tolice da minha parte,
sonhar em prender-te
sem possibilidade de fuga.

Da próxima vez
Podemos esbarrar um no outro,
e ficar só assim:
imóveis,
abraçados.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Um minuto de silêncio pelas pessoas que acham que estar solteira é ser infeliz. Não é um drama, diga-se já. Pode ser bem libertador. ...


Um minuto de silêncio pelas pessoas que acham que estar solteira é ser infeliz.

Não é um drama, diga-se já.
Pode ser bem libertador.
Poder sair sem ter que dar explicações para onde vais, com quem vais e a que horas chegas.
É poder passar tempo de qualidade consigo mesma, sem ter de se preocupar em ocupar esse tempo com outro alguém.
É poder ter a cama só para si, e conseguir dormir na diagonal para aproveitar melhor todo o espaço.
É poder cuidar de nós mesmas.

Não, ser solteira não é a definição de solidão.
É poder incluir no cardápio do dia-a-dia estar com os amigos, as amigas, a família, a Netflix, os jogos, os colegas de casa, os vizinhos, os colegas do café, da escola e do trabalho. Sem se depender de uma pessoa só.

É ter amor-próprio em primeiro lugar, sem ter a necessidade que outro nos puxe para cima, nos eleve o ego.
É. Afinal ser solteiro significa estar numa estável relação com a liberdade e a felicidade. E isso não é, de todo, mau.

domingo, 15 de maio de 2022

A verdade é que eu não sabia como era estar sozinha. Por mais de 9 anos, nunca tinha tido isso. No fundo, sempre tive com quem contar. A que...

A verdade é que eu não sabia como era estar sozinha. Por mais de 9 anos, nunca tinha tido isso.
No fundo, sempre tive com quem contar. A quem contar as piadas estranhas do dia-a-dia. E sempre lhe dei muito (tudo?) de mim.
Sacrifiquei-me, a mim e aos meus sonhos, por outra pessoa.
A pessoa que eu achava certa.

Mas não era.
E estava longe de imaginar que me dediquei tanto a alguém, para receber tão pouco.
Bem, até recebi. Recebi uma traição, com a perda de uma melhor amiga.
Perdi dois coelhos, com um tiro só.

Mas, eu aprendi.
Por vezes, nós gastamos anos das nossas vidas em alguma coisa ou alguém, só para descobrir que isso nunca nos foi destinado. Algumas pessoas são só temporárias na nossa vida.

Portanto, da próxima vez que me colocar em segundo plano na minha própria vida, só tenho de me lembrar de um mantra: "Antes de te conformares com alguma coisa ou com alguém, tu és linda, pura de coração, mente e alma. Não te sacrifiques por um amor pela metade, meias medidas ou metade de um tudo."

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Quando penso que entre nós já foi tudo dito, fico sempre com a sensação estranha que ainda tenho tanto para te dizer… Eu sei que nos momen...

Quando penso que entre nós já foi tudo dito, fico sempre com a sensação estranha que ainda tenho tanto para te dizer…

Eu sei que nos momentos certos te confessei todo o meu amor, nunca me poupei a palavras, a manifestações de afecto, acima de tudo preocupei-me que as minhas acções estivessem sempre em sintonia com tudo aquilo que disse e sim... amei-te muito...

Nos dias cinzentos, quando entre nós se instalaram os estilhaços que viriam a quebrar-nos, raramente me refugiei no silêncio, nesses momentos também te disse onde me doía a voz, onde sangrava o coração, onde caía cada uma das minhas lágrimas.

Mas nunca te disse que passado tanto tempo continuo a beber café na nossa esplanada favorita e a ver o teu sorriso de menino (aquele, por quem um dia me apaixonei) sentado à minha frente, de mão dada comigo, da mesma forma que escondo que se mantêm vivas pequenas memórias tuas, pequenos apontamentos nossos. Recordo a tua boa disposição quando me acordavas de manhã, a forma como te movias pela cozinha enquanto me preparavas o pequeno-almoço, a maneira metódica como organizas a tua agenda diária, como escolhes a roupa, como fazes o nó da gravata e até, como engravatado e de camisa branca, engraxas os sapatos.

Nunca te disse mas mantenho viva em mim a alegria de te ver abrir a porta e entrar em casa, as miúdas correrem na tua direcção, o pastor alemão saltar com as patas no teu colo, a gata a ronronar em círculos pelas tuas pernas e, principalmente, a tua boca a caminhar na minha direcção, acompanhada dos braços que me envolviam docemente.

À noite, quando me deito ainda te acompanho imaginariamente em todos os rituais até chegares à cama e continuou a adormecer em concha aninhada em ti. Sabes, o tempo não apagou as linhas do teu corpo que conheço de cor, ainda sinto o toque da tua mão no meu cabelo para me adormeceres…ainda sinto a tua mão a deslizar sobre o meu corpo para me acordares…

Tanto que se disse, tanto que ficou por dizer... mas nunca foram precisas palavras entre nós para comunicarmos e, onde quer que estejas, só tu sabes aquilo que calo.

sábado, 23 de novembro de 2019

Dia cinzento só oiço o silêncio, Lá fora cai a chuva desagradável como um incenso. Sinto-me tensa transparente como o vento, Aguaceiros ...

Dia cinzento só oiço o silêncio,
Lá fora cai a chuva desagradável como um incenso.

Sinto-me tensa transparente como o vento,
Aguaceiros ligeiros nos meus olhos provocam mau tempo.
Quando choro sai de dentro, e o choro vem para fora,
As lágrimas do meu rosto são dedicadas a quem me adora.

Às vezes eu pergunto-me se é o vento que me desloca,
Se a força que eu disponho é a mesma que me sufoca.

Desculpas não as dou, mas não quer dizer que não as tenha,
Habituada à tristeza, a felicidade em mim é estranha...
Alegria quando canto, sem show-off, mas num recanto,
Ideias que eu planto, sentada em qualquer banco.

Dificuldades aparecem sempre que o véu levanto,
Vou tropeçando e quando caio é que eu aprendo,
A maior lição da vida é enfrentá-la sem ter medo,

Essencial como o amor, é a calma e paciência,
A minha vida é um livro em que o final tem reticências,
Um caderno de experiências, em que as folhas contam histórias.

As palavras que se formam, decifradas são memórias,
Imagens eternas com seleções aleatórias,
E não há preço no mundo que pague o sabor das minhas vitórias…

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Movimentos leves Dança das mãos Bela e suave Delicadeza que inspira Revela e desnuda A alma que toca Vida e morte Tempo desconstruído...


Movimentos leves
Dança das mãos
Bela e suave
Delicadeza que inspira
Revela e desnuda
A alma que toca
Vida e morte
Tempo desconstruído
Criação e destruição
Um novo recomeço

Melodia dos sentidos
Que inebria e nutre
Dança universal
O Eu e o outro numa fusão
Unos no Universo cósmico
Dança que liberta

Sentimentos que afloram
E de dentro do ser
Contido, preso em si
Se desprendem
E se soltam
Como partículas no ar

Se libertam e voam
Tal como uma libélula
A colorir o azul do céu
Vôo sem destino
Pelo puro prazer de voar
Viagem que transcende

Os limites da prisão
Os limites do tempo
Os limites terrenos

Voa livre...
Voa alto...


Não há limites para a criação.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Tudo dói. Dói antes, durante e depois de sangrar. Dói amar e ser amada por homens. Dói na primeira vez e quando somos forçadas. Dó...


Tudo dói.
Dói antes, durante e depois de sangrar.
Dói amar e ser amada por homens. Dói na primeira vez e quando somos forçadas.
Dói para parir, para abortar e para decidir entre os dois.
Dói sair na rua e ser um pedaço de carne.
Dói ficar em casa e sentirmo-nos sozinhas no Mundo.
Dói aos 18, aos 30 e aos 50.
Dói cada pêlo arrancado, cada quilo a mais, cada minuto na frente do espelho.
Dói ser gentil e engolir sapos.
Dói o soco, o insulto e a piada.
Dói a plástica, o ginásio e a dieta.
Dói ser duas, três, quatro ou mais coisas ao mesmo tempo.
Dói no bolso, em casa, na rua e na vida inteira.
Dói ser bela, ser recatada ou ser do lar.

Não.
Não dói ser mulher.
Dói tentar encaixar nesse padrão impossível, criado pelo mundo onde quem reina é o homem... de H pequenino.

Abraça as tuas irmãs, a tua mãe, a tua madrinha, a tua tia, a tua avó. Abraça todas as mulheres que contribuiram para o ser que és hoje. Quer sejas Homem ou Mulher.
Abraça-as, e entende a magnitude do ser feminino. 
Contempla-as, e repara que o nosso amor veio para curar.



Woman - John Lennon

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

É madrugada, e tu sozinha com os teus pensamentos. À noite, todos os corações dormem menos o teu. À noite, quando as almas descansam, qua...



É madrugada, e tu sozinha com os teus pensamentos.

À noite, todos os corações dormem menos o teu.
À noite, quando as almas descansam, quando a realidade dá lugar aos sonhos, tudo dorme, menos tu!

Porque não consegues adormecer o turbilhão de pensamentos que te assolam, porque não consegues silenciar os sentimentos que saltitam no teu coração, que umas vezes o oprimem, outras o libertam, que o fazem bater em tal disrritmia que parece que vai saltar para fora de ti...

Porque é no silêncio da noite que os maus pensamentos te visitam, te atormentam, te perseguem.
Ou talvez sejam os demónios, que te questionam se não estarás perdida, se não estás despida de propósitos, ou que te sentes incompleta... É nos sonhos que o teu inconsciente grita para que despertes, para que te transformes, para que te reinventes...

Porque tu és mistério, és rebeldia, és inquietude.
É madrugada. E todos dormem menos tu.

No entanto, e contrariando todas as expectativas, enquanto o mundo repousa, tu te constróis.
Cada pensamento, cada emoção, é um tijolo no caminho que traças.

A madrugada é tua cúmplice.
Ela sussurra que, embora te possas sentir perdida agora, estás apenas em pausa, no instante que antecede o renascer.
O silêncio não é vazio; é espaço.
O turbilhão não é caos; é criação.

E quando o sol nascer, não será apenas mais um dia.
Será o dia em que darás o primeiro passo para ser quem sempre foste:
uma mulher inteira, completa, pronta para desbravar o mundo.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Não. Eu não esqueci. Eu não segui em frente. Eu não fui embora. Eu fiquei. Presa. Ao mesmo de sempre. Eu queria ter ido mas não fui. Eu...


Não.
Eu não esqueci.
Eu não segui em frente.
Eu não fui embora.

Eu fiquei.
Presa.
Ao mesmo de sempre.
Eu queria ter ido mas não fui.

Eu pensava que tinha acabado. E apesar de não sentir o mesmo de antes, eu sinto uma dor tão grande que me faz duvidar se eu não sinto o que sentia. Eu sinto uma dor enorme, como se esperasse mais de ti. Como se as minhas expectativas fossem as mais elevadas. Eu queria mais. Eu queria mais! Mais título, mais tempo, mais respeito, mais amor, mais de ti. Mais de nós. Eu queria tudo e acabei com nada.

Eu estava no café, gelada. Tinha a mão na mão do meu amigo quando te vi estacionar, mesmo em frente à janela. Eu acredito que ele tenha sentido a minha pulsação. Olho para o telemóvel mais uma vez, digo uma piada e finjo que estou bem. Olho pela janela, e nada do teu carro. Nisto, e sem que eu mandasse no meu próprio corpo, o meu coração dispara. Eu tentei mas não consegui controlar isso. Vejo-te passar a pé. O meu coração acalma novamente, e eu respiro de alívio. Sentas-te. E falas. E cada palavra tua, eu oiço. Cada gesto. E recordo-me de tudo o que fomos. A maneira como costumas pegar no telemóvel. A maneira como falas. O teu sotaque. Não és a última bolacha do pacote, mas os meus olhos ainda brilham quando te vêem. É inevitável. Eu vejo mais. E eu queria ver ainda mais.

Conversa vai, conversa vem, e eu oiço parte do que falas. Sobre a mensagem que te mandei. E fico magoada. Eu nunca tive tanta atenção da tua parte quando fui tua. Eu não paguei por toda essa publicidade enganosa que fazes sobre mim. Mas eu ainda acredito em karma. Já lá vamos.

Sabes? Eu fugi de ti por momentos. Eu não queria ter fugido. Eu ainda queria o calor dos teus braços. Por mais que finja, eu não fui. Eu fiquei agarrada à imaginação do que seríamos se fôssemos capazes de vencer o mundo.

Eu queria ter ido, mas não fui. Ignorei-me a mim, aos meus sentimentos. Calei o meu coração. Fingi que não o ouvi e afastei-me. Eu estava bem. Em toda a minha vida, eu sempre soube fingir que estou bem. Se me perguntares, eu estou sempre bem.

Mas, à noite, mesmo nos meus dias bons, eu sonho contigo. É. É contigo. Por muito que doa. Por muito que custe. É contigo. E dou por mim a cerrar as mandíbulas, a apertar o meu peito durante a noite, numa tentativa frustrada de esconder a raiva que trago em mim.

Se me perguntares, eu estou bem. Eu vou sempre dizer que está tudo bem. E vai-me custar não mandar mais uma mensagem. Não poder ligar mais.

Eu não fui, não segui em frente, não esqueci. Eu estou só presa ao fantasma do passado. Eu quero ir e quero ficar. Eu quero encontrar-me. E se te encontrar no caminho, melhor assim. Eu quero crescer contigo.

Mas ouvi que tens namorada. Que seguiste em frente. Talvez eu deva ir também.

Mas não. Não. Eu não segui. Eu não esqueci. Eu não ignorei agora, nem cada vez que te falo. Eu recusei-me a ir, porque sou demasiado teimosa. Prova. Prova que não fui um passatempo. Prova-me que valeu a pena. Arrisca, manda mensagem mais uma vez. Diz o que sentes de uma vez só, sem rodeios. E se acabou, deixa-me ir e sê feliz. Mas faz alguma coisa.

Eu fui. Eu acho que andei à deriva por aí, à espera que alguém me encontrasse.
Eu queria ter ido, eu queria ter ficado. Eu queria ter-me encontrado, antes de tomar uma decisão.
Eu queria poder mudar tanta coisa.


Texto: Scarlett & @ngel