Querido falecido,
Dizem que quando uma porta se fecha, uma janela se abre.
A minha porta fechou-se com um estrondo. A casa inteira tremeu, como nas tempestades que derrubam velhas construções ou nos contos de fadas onde o lobo sopra com fúria. Ficou o silêncio depois do abalo, e eu, enclausurada entre as sombras de um espaço vazio, ecoando a ausência de quem um dia julguei essencial.
Mas então... a janela abriu-se.
E o vento entrou, dançando livre pelos corredores outrora sufocados. O ar renovou-se nos meus pulmões; o coração, antes retraído, pulsou com força; e os meus olhos voltaram a brilhar—desta vez, não com as lágrimas que me deixaste, mas com a luz que renasceu em mim.
Querido ex-namorado, querida ex-melhor amiga: se soubésseis o bem que me fizeram há quase três anos... Ah, como vos sou grata!
E por isso escrevo. Escrevo para vocês, escrevo para mim, escrevo para o Universo que vos levou para longe. Por cada dia que amanhece leve, por cada instante em que respiro sem o peso do que já não me pertence, eu agradeço. Agradeço às forças visíveis e invisíveis que, com mãos sábias e firmes, vos empurraram para fora da minha história.
E que brisa doce é esta, que agora me envolve...
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