quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Hoje, ela é a menina dos teus olhos, E eu, a sombra que ficou para trás, Nos dez anos que fomos nós Nunca ouvi de ti esse tanto, esse brilha...

Menina dos Olhos (dele)

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Hoje, ela é a menina dos teus olhos,
E eu, a sombra que ficou para trás,
Nos dez anos que fomos nós
Nunca ouvi de ti esse tanto, esse brilhar voraz.

Chamas-lhe doce e fazes-te poeta,
Pintas-lhe versos onde eu fui prosa,
E eu aqui, entre livros e metas,
Vou erguendo sonhos sem nome de rosa.

Enquanto te embalas numa nova canção,
Eu vou fechando capítulos de vida.
Quase no fim de um rumo que traço,
Enquanto o teu caminho ainda se perde na ida.

Talvez sejas mesmo um homem de fases,
Um poeta que ama sem se repetir,
Mas que quando a página se vira,
Só vê a cor nova, e a velha a sumir.

E assim, vou sorrindo do outro lado,
Sabendo que o tempo tem a sua ironia:
Ela é a menina dos teus olhos hoje,
E eu, a mulher dos meus próprios, um dia.


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