Às vezes, volto no tempo,
leio o que fomos, o que dissemos,
o riso fácil, o som da tua voz,
e o que era nosso, ali, no pequeno universo.
Memórias do que já não cabe,
das conversas, dos teus olhos a brilhar,
do amor que rasgava o peito
e, no fim, se desfez em silêncio e ar.
Não falo de mágoas, muito menos de culpa,
já não há pedra no caminho, nem rancor,
só um ciclo que fechou a seu tempo,
e da porta aberta, renasceu quem sou.
Cada passo que sigo, agora sozinha,
é um passo de volta a mim,
sou grata ao amor que me deu asas
e ao voo que me fez mais forte, enfim.
Que a vida gire e nos leve,
pois crescemos cada qual em seu lugar,
eu com meus sonhos e força renovada,
tu, que encontres o que em mim não conseguiste achar.
E, quem sabe, um dia, numa outra estação,
sob o céu de uma nova era,
falaremos do quanto crescemos
com o fim que, sem querer, me era primavera.
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