quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Talvez o meu feitio seja como o vento que não se deixa prender, ou como a maré que vai e vem, sem promessas de permanência. Talvez o meu cor...


Talvez o meu feitio seja como o vento que não se deixa prender, ou como a maré que vai e vem, sem promessas de permanência.
Talvez o meu coração seja uma estrada sinuosa, que só alguns ousam percorrer, com a certeza de que, mesmo no desconhecido, vale a pena.

Diziam-me que ninguém me poderia querer por causa do meu feitio. Eu digo que a intensidade da minha alma afasta os que buscam algo superficial.
Mas tu... Tu vês em mim o que outros não viram. Vês as cores que nem eu sabia que habitavam em mim.

Fiquei com as palavras do passado a ecoar no meu peito, como um eco distante que se recusa a calar. Eu, que sou um mistério entre as linhas do que sou, um enigma não resolvido, sempre fui mais do que a caixa que tentaram construir à minha volta. Talvez em tantos anos não tenham entendido o quão vasto é o mundo que construí dentro de mim. Coisas melhores vieram. Apareceste na minha vida, para ver em mim o que outros não viram. Um amor único, onde o meu ser não precisa de ser explicado, de um lugar onde as palavras não são prisões, onde eu posso ser um livro aberto.

E agora, aqui estamos, tu e eu. O tempo foi gentil com as nossas almas. Cada olhar, cada gesto, cada palavra sussurrada tem o toque suave de quem já encontrou a paz em algo simples e verdadeiro. Como se as promessas antigas não fizessem mais sentido. Como se os ecos do passado se apagassem aos poucos, dando lugar a um novo cântico — o cântico da descoberta, da aceitação, da entrega.

O que fui antes já não importa, pois em ti encontrei a suavidade que faltava. E mesmo que certos fantasmas do passado ainda me atormetem, talvez possa entender de uma vez por todas: o meu feitio não é um obstáculo. É um convite para quem sabe ver além das sombras.

Tu vens e, com cada sorriso teu, dissipaste as nuvens que o passado havia deixado. Talvez seja por isso que os ventos finalmente sopram com a liberdade que mereço. E tudo o que eu sou agora, é o reflexo de quem me viu por completo, sem medo de abraçar a tempestade que sou.

E o que o futuro traz, não sabemos. Mas, o que sei, é que o meu caminho agora é iluminado pela tua presença. Amo-te.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Querido falecido, Dizem que quando uma porta se fecha, uma janela se abre. A minha porta fechou-se com um estrondo. A casa inteira tremeu, c...

Querido falecido,

Dizem que quando uma porta se fecha, uma janela se abre.

A minha porta fechou-se com um estrondo. A casa inteira tremeu, como nas tempestades que derrubam velhas construções ou nos contos de fadas onde o lobo sopra com fúria. Ficou o silêncio depois do abalo, e eu, enclausurada entre as sombras de um espaço vazio, ecoando a ausência de quem um dia julguei essencial.

Mas então... a janela abriu-se.
E o vento entrou, dançando livre pelos corredores outrora sufocados. O ar renovou-se nos meus pulmões; o coração, antes retraído, pulsou com força; e os meus olhos voltaram a brilhar—desta vez, não com as lágrimas que me deixaste, mas com a luz que renasceu em mim.

Querido ex-namorado, querida ex-melhor amiga: se soubésseis o bem que me fizeram há quase três anos... Ah, como vos sou grata!

E por isso escrevo. Escrevo para vocês, escrevo para mim, escrevo para o Universo que vos levou para longe. Por cada dia que amanhece leve, por cada instante em que respiro sem o peso do que já não me pertence, eu agradeço. Agradeço às forças visíveis e invisíveis que, com mãos sábias e firmes, vos empurraram para fora da minha história.

E que brisa doce é esta, que agora me envolve...