sábado, 29 de março de 2025

Há histórias que o tempo não apaga — apenas adormece. Há nove anos, cruzámo-nos por um breve instante, que ficou gravado em mim, mais do que...

Há histórias que o tempo não apaga — apenas adormece.


Há nove anos, cruzámo-nos por um breve instante, que ficou gravado em mim, mais do que tive coragem de admitir. Na altura, deixei que medos e inseguranças falassem mais alto, e ditassem um fim. Afastei-me. Não porque não sentisse, mas porque não sabia como lidar com tudo o que sentia.


Entretanto, a vida seguiu. Ambos vivemos amores longos, que julgámos ser para sempre.
Mas também ambos fomos magoados, traídos, partidos em pedaços que não sabíamos se voltariam a encaixar. Aprendemos, à força, que o amor pode doer. E que confiar outra vez pode ser um ato de coragem.


E agora, quase uma década depois, o destino — ou talvez a vida com o seu jeito misterioso — trouxe-nos de volta. E o que começou com simples palavras trocadas, levou a um encontro onde os nossos corações e olhares, falaram mais alto do que as nossas próprias bocas.


O que sentia há 9 anos, renasceu e floresceu com uma força inesperada, como se o tempo não tivesse passado.
Reencontrámo-nos, e algo em nós reconheceu esse lugar antigo, esse "nós" que parecia ter ficado suspenso no tempo.


Hoje, vivemos gestos que falam mais do que promessas. Um Homem que cuida de mim todos os dias, em todos os pequenos detalhes e gestos. Os pequenos-almoços na cama, mãos que cozinham só para mim, as mãos unidas que nunca se deviam ter soltado por um instante, um carinho que se vê nos olhos e se sente no peito.


Levaste-me a ver os teus pais, assumindo-me de alguma forma, como quem sabe o que quer, como quem não tem dúvidas. Levaste-me ao concerto do teu irmão, abriste-me as portas da tua casa, o teu coração e o da Lazy, integrando-me na tua vida, na tua rotina, na tua pequena bolha, que é o teu Mundo inteiro.


Eu tenho medo. Medo que os fantasmas do passado, os meus receios e cicatrizes ainda abertas, te afastem. Mas também sei que há algo de bonito — e raro — em alguém que vê para lá das defesas, e escolhe ficar. E sei que quero entregar-me a isto que temos de corpo e alma, porque só me sei entregar assim a quem amo.


Quero acreditar que merecemos esta nova oportunidade. Porque às vezes, o amor verdadeiro não é aquele que chega primeiro, mas aquele que volta… e fica.
E fica a promessa de que tentarei melhorar, para não seres tu a fugir desta vez.


Não sei o que o futuro nos reserva, mas sei que há laços que o tempo não desata.
E este reencontro, cheio de simplicidade e entrega, é a maior prova de que há histórias que, mesmo interrompidas, nascem para durar.
É tudo muito cedo, mas eu tenho muitas certezas em relação aos meus sentimentos.