É frustrante saber que quero dizer tanta coisa mas só consigo dizer tão pouco… ou nada. Porque raio travo sempre?
Tenho medo de me perder nos meus pensamentos. Olho para ti e vejo o brilho nos teus olhos. Tens sempre esse brilho, sabes? Olhos negros como a noite, que brilham sempre como estrelas.
Mas preciso que as palavras fluam. Porque te vais embora outra vez e, supostamente, desta vez é por um bem maior. Não te sentires preso. Dizes tu.
Durante um ano privaste-me de ti. Das brincadeiras parvas, dos risos inocentes. Das gargalhadas que não dei ao teu lado. E eu ainda te "odeio" por isso. E agora, queres privar-me outra vez.
Odeio-te por teres tido o descaramento de ter ido embora, do nada, sem uma justificação… Sendo que ainda não me deste uma. E agora, "odeio-te", por te quereres ver livre de mim.
Porque de todas as vezes que penso que estás perto, tu arranjas forma de fugir para longe. Quão longe estás disposto a ir?
Pode ter sido fácil para ti ficar frio. Frio comigo e com o Mundo. Mas foste parvo em achar que estava preparada para perder um amigo. Durante meses perguntei-me se a nossa amizade era recíproca. Queria bater-te, chorar, implorar para que voltássemos a ser como antes. Mas olhar para ti e para os teus olhos negros, duros e indiferentes, deixava-me em baixo.
Agora, olho para eles, nervosos, inquietos… E fico em baixo por saber que daqui a uns meses não vou poder olhar para eles.
Porque no fundo nunca sei o que queres. Nem antes, nem agora. Se virar costas sou eu que desisto de ti, se fores tu a fazê-lo, estás a "lutar pela tua felicidade"... e com isso digo tudo. A tua felicidade nunca passou por mim, nem nunca vai passar.
Temos um dilema em mãos. Se eu ficar calada, te deixar escapar por entre os dedos e não quiser ser egoísta, tu vais embora e eu vou passar à história. Se eu for egoísta e persistente, tu ficas preso a um sítio onde não queres estar.
Mas tudo bem, se isto for a "tal" despedida. Tu mereces o Mundo, e eu não tenho nada para te oferecer.
