sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

É madrugada, e tu sozinha com os teus pensamentos. À noite, todos os corações dormem menos o teu. À noite, quando as almas descansam, qua...



É madrugada, e tu sozinha com os teus pensamentos.

À noite, todos os corações dormem menos o teu.
À noite, quando as almas descansam, quando a realidade dá lugar aos sonhos, tudo dorme, menos tu!

Porque não consegues adormecer o turbilhão de pensamentos que te assolam, porque não consegues silenciar os sentimentos que saltitam no teu coração, que umas vezes o oprimem, outras o libertam, que o fazem bater em tal disrritmia que parece que vai saltar para fora de ti...

Porque é no silêncio da noite que os maus pensamentos te visitam, te atormentam, te perseguem.
Ou talvez sejam os demónios, que te questionam se não estarás perdida, se não estás despida de propósitos, ou que te sentes incompleta... É nos sonhos que o teu inconsciente grita para que despertes, para que te transformes, para que te reinventes...

Porque tu és mistério, és rebeldia, és inquietude.
É madrugada. E todos dormem menos tu.

No entanto, e contrariando todas as expectativas, enquanto o mundo repousa, tu te constróis.
Cada pensamento, cada emoção, é um tijolo no caminho que traças.

A madrugada é tua cúmplice.
Ela sussurra que, embora te possas sentir perdida agora, estás apenas em pausa, no instante que antecede o renascer.
O silêncio não é vazio; é espaço.
O turbilhão não é caos; é criação.

E quando o sol nascer, não será apenas mais um dia.
Será o dia em que darás o primeiro passo para ser quem sempre foste:
uma mulher inteira, completa, pronta para desbravar o mundo.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Não. Eu não esqueci. Eu não segui em frente. Eu não fui embora. Eu fiquei. Presa. Ao mesmo de sempre. Eu queria ter ido mas não fui. Eu...


Não.
Eu não esqueci.
Eu não segui em frente.
Eu não fui embora.

Eu fiquei.
Presa.
Ao mesmo de sempre.
Eu queria ter ido mas não fui.

Eu pensava que tinha acabado. E apesar de não sentir o mesmo de antes, eu sinto uma dor tão grande que me faz duvidar se eu não sinto o que sentia. Eu sinto uma dor enorme, como se esperasse mais de ti. Como se as minhas expectativas fossem as mais elevadas. Eu queria mais. Eu queria mais! Mais título, mais tempo, mais respeito, mais amor, mais de ti. Mais de nós. Eu queria tudo e acabei com nada.

Eu estava no café, gelada. Tinha a mão na mão do meu amigo quando te vi estacionar, mesmo em frente à janela. Eu acredito que ele tenha sentido a minha pulsação. Olho para o telemóvel mais uma vez, digo uma piada e finjo que estou bem. Olho pela janela, e nada do teu carro. Nisto, e sem que eu mandasse no meu próprio corpo, o meu coração dispara. Eu tentei mas não consegui controlar isso. Vejo-te passar a pé. O meu coração acalma novamente, e eu respiro de alívio. Sentas-te. E falas. E cada palavra tua, eu oiço. Cada gesto. E recordo-me de tudo o que fomos. A maneira como costumas pegar no telemóvel. A maneira como falas. O teu sotaque. Não és a última bolacha do pacote, mas os meus olhos ainda brilham quando te vêem. É inevitável. Eu vejo mais. E eu queria ver ainda mais.

Conversa vai, conversa vem, e eu oiço parte do que falas. Sobre a mensagem que te mandei. E fico magoada. Eu nunca tive tanta atenção da tua parte quando fui tua. Eu não paguei por toda essa publicidade enganosa que fazes sobre mim. Mas eu ainda acredito em karma. Já lá vamos.

Sabes? Eu fugi de ti por momentos. Eu não queria ter fugido. Eu ainda queria o calor dos teus braços. Por mais que finja, eu não fui. Eu fiquei agarrada à imaginação do que seríamos se fôssemos capazes de vencer o mundo.

Eu queria ter ido, mas não fui. Ignorei-me a mim, aos meus sentimentos. Calei o meu coração. Fingi que não o ouvi e afastei-me. Eu estava bem. Em toda a minha vida, eu sempre soube fingir que estou bem. Se me perguntares, eu estou sempre bem.

Mas, à noite, mesmo nos meus dias bons, eu sonho contigo. É. É contigo. Por muito que doa. Por muito que custe. É contigo. E dou por mim a cerrar as mandíbulas, a apertar o meu peito durante a noite, numa tentativa frustrada de esconder a raiva que trago em mim.

Se me perguntares, eu estou bem. Eu vou sempre dizer que está tudo bem. E vai-me custar não mandar mais uma mensagem. Não poder ligar mais.

Eu não fui, não segui em frente, não esqueci. Eu estou só presa ao fantasma do passado. Eu quero ir e quero ficar. Eu quero encontrar-me. E se te encontrar no caminho, melhor assim. Eu quero crescer contigo.

Mas ouvi que tens namorada. Que seguiste em frente. Talvez eu deva ir também.

Mas não. Não. Eu não segui. Eu não esqueci. Eu não ignorei agora, nem cada vez que te falo. Eu recusei-me a ir, porque sou demasiado teimosa. Prova. Prova que não fui um passatempo. Prova-me que valeu a pena. Arrisca, manda mensagem mais uma vez. Diz o que sentes de uma vez só, sem rodeios. E se acabou, deixa-me ir e sê feliz. Mas faz alguma coisa.

Eu fui. Eu acho que andei à deriva por aí, à espera que alguém me encontrasse.
Eu queria ter ido, eu queria ter ficado. Eu queria ter-me encontrado, antes de tomar uma decisão.
Eu queria poder mudar tanta coisa.


Texto: Scarlett & @ngel