sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Há pessoas que são como casas às quais voltamos, mesmo depois de muito tempo. Podemos morar em outros lugares, experimentar outros caminhos,...

Há pessoas que são como casas às quais voltamos, mesmo depois de muito tempo.
Podemos morar em outros lugares, experimentar outros caminhos, mas há sempre um endereço secreto que continua guardado no coração.

Nós reencontrámo-nos em março. Foi como abrir uma porta antiga e perceber que, apesar dos anos, o espaço ainda nos reconhecia.
Em maio, demos nome ao que já se anunciava no olhar: voltámos a ser “nós”.

O tempo não nos poupou — ensinou-nos com dor, com ausências, com cicatrizes. Mas talvez fosse essa aprendizagem que nos faltava para chegarmos aqui, mais inteiros, mais conscientes, mais prontos.


Hoje, és o gesto que me acalma, o riso que me devolve leveza, a presença que não precisa de palavras para se fazer sentir. És o café quente numa manhã fria, o abraço que chega antes da dúvida, o lugar onde a minha alma repousa.


Eu não ignoro os meus medos. Eles existem. Mas contigo aprendi que o medo pode andar de mãos dadas com a esperança — e que escolher amar, apesar de tudo, é o ato mais corajoso que podemos ter.


Não sei onde esta estrada nos leva. Mas sei que quero percorrê-la contigo.
Porque há histórias que não se escrevem duas vezes: escrevem-se em continuidade, como capítulos que estavam apenas à espera do momento certo para voltar a ser narrados.

E a nossa história é uma delas.


sábado, 29 de março de 2025

Há histórias que o tempo não apaga — apenas adormece. Há nove anos, cruzámo-nos por um breve instante, que ficou gravado em mim, mais do que...

Há histórias que o tempo não apaga — apenas adormece.


Há nove anos, cruzámo-nos por um breve instante, que ficou gravado em mim, mais do que tive coragem de admitir. Na altura, deixei que medos e inseguranças falassem mais alto, e ditassem um fim. Afastei-me. Não porque não sentisse, mas porque não sabia como lidar com tudo o que sentia.


Entretanto, a vida seguiu. Ambos vivemos amores longos, que julgámos ser para sempre.
Mas também ambos fomos magoados, traídos, partidos em pedaços que não sabíamos se voltariam a encaixar. Aprendemos, à força, que o amor pode doer. E que confiar outra vez pode ser um ato de coragem.


E agora, quase uma década depois, o destino — ou talvez a vida com o seu jeito misterioso — trouxe-nos de volta. E o que começou com simples palavras trocadas, levou a um encontro onde os nossos corações e olhares, falaram mais alto do que as nossas próprias bocas.


O que sentia há 9 anos, renasceu e floresceu com uma força inesperada, como se o tempo não tivesse passado.
Reencontrámo-nos, e algo em nós reconheceu esse lugar antigo, esse "nós" que parecia ter ficado suspenso no tempo.


Hoje, vivemos gestos que falam mais do que promessas. Um Homem que cuida de mim todos os dias, em todos os pequenos detalhes e gestos. Os pequenos-almoços na cama, mãos que cozinham só para mim, as mãos unidas que nunca se deviam ter soltado por um instante, um carinho que se vê nos olhos e se sente no peito.


Levaste-me a ver os teus pais, assumindo-me de alguma forma, como quem sabe o que quer, como quem não tem dúvidas. Levaste-me ao concerto do teu irmão, abriste-me as portas da tua casa, do teu coração e o da Lazy, integrando-me na tua vida, na tua rotina, na tua pequena bolha, que é o teu Mundo inteiro.


Eu tenho medo. Medo que os fantasmas do passado, os meus receios e cicatrizes ainda abertas, te afastem. Mas também sei que há algo de bonito — e raro — em alguém que vê para lá das defesas, e escolhe ficar. E sei que quero entregar-me a isto que temos de corpo e alma, porque só me sei entregar assim a quem amo.


Quero acreditar que merecemos esta nova oportunidade. Porque às vezes, o amor verdadeiro não é aquele que chega primeiro, mas aquele que volta… e fica.
E fica a promessa de que tentarei melhorar, para não seres tu a fugir desta vez.


Não sei o que o futuro nos reserva, mas sei que há laços que o tempo não desata.
E este reencontro, cheio de simplicidade e entrega, é a maior prova de que há histórias que, mesmo interrompidas, nascem para durar.
É tudo muito cedo, mas eu tenho muitas certezas em relação aos meus sentimentos.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Talvez o meu feitio seja como o vento que não se deixa prender, ou como a maré que vai e vem, sem promessas de permanência. Talvez o meu cor...


Talvez o meu feitio seja como o vento que não se deixa prender, ou como a maré que vai e vem, sem promessas de permanência.
Talvez o meu coração seja uma estrada sinuosa, que só alguns ousam percorrer, com a certeza de que, mesmo no desconhecido, vale a pena.

Diziam-me que ninguém me poderia querer por causa do meu feitio. Eu digo que a intensidade da minha alma afasta os que buscam algo superficial.
Mas tu... Tu vês em mim o que outros não viram. Vês as cores que nem eu sabia que habitavam em mim.

Fiquei com as palavras do passado a ecoar no meu peito, como um eco distante que se recusa a calar. Eu, que sou um mistério entre as linhas do que sou, um enigma não resolvido, sempre fui mais do que a caixa que tentaram construir à minha volta. Talvez em tantos anos não tenham entendido o quão vasto é o mundo que construí dentro de mim. Coisas melhores vieram. Apareceste na minha vida, para ver em mim o que outros não viram. Um amor único, onde o meu ser não precisa de ser explicado, de um lugar onde as palavras não são prisões, onde eu posso ser um livro aberto.

E agora, aqui estamos, tu e eu. O tempo foi gentil com as nossas almas. Cada olhar, cada gesto, cada palavra sussurrada tem o toque suave de quem já encontrou a paz em algo simples e verdadeiro. Como se as promessas antigas não fizessem mais sentido. Como se os ecos do passado se apagassem aos poucos, dando lugar a um novo cântico — o cântico da descoberta, da aceitação, da entrega.

O que fui antes já não importa, pois em ti encontrei a suavidade que faltava. E mesmo que certos fantasmas do passado ainda me atormetem, talvez possa entender de uma vez por todas: o meu feitio não é um obstáculo. É um convite para quem sabe ver além das sombras.

Tu vens e, com cada sorriso teu, dissipaste as nuvens que o passado havia deixado. Talvez seja por isso que os ventos finalmente sopram com a liberdade que mereço. E tudo o que eu sou agora, é o reflexo de quem me viu por completo, sem medo de abraçar a tempestade que sou.

E o que o futuro traz, não sabemos. Mas, o que sei, é que o meu caminho agora é iluminado pela tua presença. Amo-te.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Querido falecido, Dizem que quando uma porta se fecha, uma janela se abre. A minha porta fechou-se com um estrondo. A casa inteira tremeu, c...

Querido falecido,

Dizem que quando uma porta se fecha, uma janela se abre.

A minha porta fechou-se com um estrondo. A casa inteira tremeu, como nas tempestades que derrubam velhas construções ou nos contos de fadas onde o lobo sopra com fúria. Ficou o silêncio depois do abalo, e eu, enclausurada entre as sombras de um espaço vazio, ecoando a ausência de quem um dia julguei essencial.

Mas então... a janela abriu-se.
E o vento entrou, dançando livre pelos corredores outrora sufocados. O ar renovou-se nos meus pulmões; o coração, antes retraído, pulsou com força; e os meus olhos voltaram a brilhar—desta vez, não com as lágrimas que me deixaste, mas com a luz que renasceu em mim.

Querido ex-namorado, querida ex-melhor amiga: se soubésseis o bem que me fizeram há quase três anos... Ah, como vos sou grata!

E por isso escrevo. Escrevo para vocês, escrevo para mim, escrevo para o Universo que vos levou para longe. Por cada dia que amanhece leve, por cada instante em que respiro sem o peso do que já não me pertence, eu agradeço. Agradeço às forças visíveis e invisíveis que, com mãos sábias e firmes, vos empurraram para fora da minha história.

E que brisa doce é esta, que agora me envolve...