segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Quando penso que entre nós já foi tudo dito, fico sempre com a sensação estranha que ainda tenho tanto para te dizer… Eu sei que nos momen...

Quando penso que entre nós já foi tudo dito, fico sempre com a sensação estranha que ainda tenho tanto para te dizer…

Eu sei que nos momentos certos te confessei todo o meu amor, nunca me poupei a palavras, a manifestações de afecto, acima de tudo preocupei-me que as minhas acções estivessem sempre em sintonia com tudo aquilo que disse e sim... amei-te muito...

Nos dias cinzentos, quando entre nós se instalaram os estilhaços que viriam a quebrar-nos, raramente me refugiei no silêncio, nesses momentos também te disse onde me doía a voz, onde sangrava o coração, onde caía cada uma das minhas lágrimas.

Mas nunca te disse que passado tanto tempo continuo a beber café na nossa esplanada favorita e a ver o teu sorriso de menino (aquele, por quem um dia me apaixonei) sentado à minha frente, de mão dada comigo, da mesma forma que escondo que se mantêm vivas pequenas memórias tuas, pequenos apontamentos nossos. Recordo a tua boa disposição quando me acordavas de manhã, a forma como te movias pela cozinha enquanto me preparavas o pequeno-almoço, a maneira metódica como organizas a tua agenda diária, como escolhes a roupa, como fazes o nó da gravata e até, como engravatado e de camisa branca, engraxas os sapatos.

Nunca te disse mas mantenho viva em mim a alegria de te ver abrir a porta e entrar em casa, as miúdas correrem na tua direcção, o pastor alemão saltar com as patas no teu colo, a gata a ronronar em círculos pelas tuas pernas e, principalmente, a tua boca a caminhar na minha direcção, acompanhada dos braços que me envolviam docemente.

À noite, quando me deito ainda te acompanho imaginariamente em todos os rituais até chegares à cama e continuou a adormecer em concha aninhada em ti. Sabes, o tempo não apagou as linhas do teu corpo que conheço de cor, ainda sinto o toque da tua mão no meu cabelo para me adormeceres…ainda sinto a tua mão a deslizar sobre o meu corpo para me acordares…

Tanto que se disse, tanto que ficou por dizer... mas nunca foram precisas palavras entre nós para comunicarmos e, onde quer que estejas, só tu sabes aquilo que calo.

sábado, 23 de novembro de 2019

Dia cinzento só oiço o silêncio, Lá fora cai a chuva desagradável como um incenso. Sinto-me tensa transparente como o vento, Aguaceiros ...

Dia cinzento só oiço o silêncio,
Lá fora cai a chuva desagradável como um incenso.

Sinto-me tensa transparente como o vento,
Aguaceiros ligeiros nos meus olhos provocam mau tempo.
Quando choro sai de dentro, e o choro vem para fora,
As lágrimas do meu rosto são dedicadas a quem me adora.

Às vezes eu pergunto-me se é o vento que me desloca,
Se a força que eu disponho é a mesma que me sufoca.

Desculpas não as dou, mas não quer dizer que não as tenha,
Habituada à tristeza, a felicidade em mim é estranha...
Alegria quando canto, sem show-off, mas num recanto,
Ideias que eu planto, sentada em qualquer banco.

Dificuldades aparecem sempre que o véu levanto,
Vou tropeçando e quando caio é que eu aprendo,
A maior lição da vida é enfrentá-la sem ter medo,

Essencial como o amor, é a calma e paciência,
A minha vida é um livro em que o final tem reticências,
Um caderno de experiências, em que as folhas contam histórias.

As palavras que se formam, decifradas são memórias,
Imagens eternas com seleções aleatórias,
E não há preço no mundo que pague o sabor das minhas vitórias…